As imagens de pessoas transpondo a pés a ponte do rio Tocantins em Porto Nacional neste sábado, passadas duas décadas do século passado, é de um simbolismo sem par. Porto, cujas lideranças políticas e estudantis lutaram décadas, no século passado, por sua construção por verem nela a liberdade para sair do corredor da miséria de sua  margem direita, observam sua intervenção, sem qualquer planejamento e de forma arbitrária por um governo, sem apresentarem qualquer reação.

Urge um movimento político, cívico e comunitário de reação rápido e necessário. Estão em jogo as gerações futuras como estiveram na luta no século passado. Não só pela intervenção, mas pelo desrespeito histórico. A cidade, sempre historicamente libertária, não pode concordar com o arbítrio. Seja de um de seus filhos ou de alienígenas que no Estado enriqueceram-se a custa, em larga medida, da pobreza local.

Não há qualquer negociação, ainda que os laudos técnicos as sustentassem. Porto, que já foi um centro irradiador de debates democráticos em defesa da justiça, ve suas lideranças acomodadas por algum motivo à decisão governamental indiscutivelmente não planejada e sequer conversada com a população acerca de suas implicações. Enquanto empresas cancelam onibus rodoviários até Porto e o governo reduz ICMS de combustível de aviação para ter  mais voos em Palmas.

Ah, LA, o governo tinha competência para fazer a intervenção. A rodovia é estadual, claro. Da mesma forma que era obrigação do governo a sua manutenção. Carlesse é governador há dez meses e sequer a fiscalização do peso dos veículos de carga era feito até quinta.  E aí, sem conversar com ninguém (nem ler os relatórios técnicos que indicavam a possibilidade de transito de veículos de passeio), sacou da arma. Sem levar em consideração que a ponte de Estreito estaria em piores condições mas que o governo federal trabalha por uma solução negociada antes do seu fechamento. Dados públicos.

Da mesma forma que seus deputados se omitem escandalosa e descaradamente. O governo gastou no ano passado 16% das receitas com a saúde pública. É maior que os 12% constitucionais. A situação da saúde pública, entretanto, se agrava. Se você pensou que o governo estaria roubando, não errou. A relação gastos/demanda demonstra que há desvios. Ou seja, o governo continua roubando como antes. O contrato da Sancil é uma prova concreta. Não interceptado, uma roubalheira.

Ah, LA, você não pode atribuir culpa a governo como um todo, a Mauro Carlesse, por desvios de outros. No caso da Sancil, o deputado Olintho Neto era o líder do governo. Não se imagina uma empresa conseguindo um contrato de R$ 10 milhões, sem licença ambiental ou atestado de capacidade técnica, sendo contratada desta forma não fora as relações entre o governo e seu líder.

Pegos com a boca na botija não pelo TCE ou deputados. Mas por uma fiscalização fortuita de crime ambiental. A família do deputado foi denunciada à Justiça. Ninguém do governo que o contratou, o foi até agora. As relações econômico-financeiras-eleitorais entre Olintho Neto e Mauro Carlesse são de conhecimento de todos. Senadores, deputados federais, estaduais, conselheiros do TCE e membros do Tribunal de Justiça e Tribunal Regional Eleitoral.

O governo é o responsável pela aplicação dos recursos públicos.  Os empresários, empreiteiros e prestadores de serviço sabem a quem tem que procurar no Palácio Araguaia para receber faturas. O MPE tem gravações de dentro do Palácio Araguaia.

E por que não é interrompida essa inércia? Evidentemente que há setores do governo que interessam que continuem. Aliás, muita gente quando governos assumem criticam: ah, essa cara é ladrão, como é que é nomeado neste cargo? Diria: é justamente por isto.

Não é para qualquer um, afinal, a coragem, por exemplo, de dizer a um empresário que o seu pagamento só será processado se pagar um pedágio de 20% a 30%. É uma reserva de mercado para poucos. Tem que ter cara de pau e suficientes endossos para crer numa impunidade. Um crime muito explícito. Aí o cara aceita e paga a comissão. Única forma de receber o que lhe devido. E tem que rezar na cartilha se quiser continuar ganhando licitação com o governo. E recebendo por seu trabalho.

Na comunicação não é diferente. O governo anuncia em veículos acreditando que eles não apontarão suas malandragens. No máximo, abrirão espaço para que justifiquem a ladroeira, mesmo que injustificável. Aquele negócio do outro lado. Anuncia e não paga. E aí  o veículo  (que tem despesas obrigatórias, aluguel, salário de jornalistas, contribuições sociais, telefone, combustível) é levado a não apontar as ladroeiras por receio de não receber pelo anúncio publicado.Caindo numa dupla chantagem. Até o limite onde a coisa estoura.

Quando vejo Mauro Carlesse interditando a ponte sobre o rio Tocantins em Porto Nacional sem discussão com o prefeito e a população. E sem qualquer manifestação dos cinco deputados estaduais da cidade, é nisso que penso: o governo, como os outros, não está se movimentando em defesa da população. E sim dos seus interesses. O chapéu já deve estar sendo passado.

E isso não tem nada a ver com ser contrário a Mauro Carlesse. E sim  em defesa da população. No caso de Porto Nacional, em defesa da cidade que está, sem sombra de dúvidas, sendo desrespeitada pelo governador do Estado. Porto Nacional não é um curral de Toinho Andrade e nem de Mauro Carlesse. A cidade tem história antecedente a ambos. É uma pena que os deputados da cidade não se mirem nos exemplos do passado histórico.

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