Muito grave essa denúncia de assédio na Controladoria Geral do Estado, que vai nas páginas do Jornal do Tocantins desta terça. No limite, o governo só deixaria no cargo um servidor que aceitasse manipular números do Portal das Transparências. E com o uso do cargo na gerência de transparência e combate à corrupção.

É o tipo de acusação que não se refuta com notas estéreis de negativas burocráticas.Em tese, uma demissão dessas só se justificaria se a titular desligada não estivesse sendo transparente nem combatendo a corrupção. E aí o governo alegou deficiência de desempenho.

Ou seja: quer que se acredite que  a servidora fora demitida porque estaria sendo incompetente, internamente, para fiscalizar o governo (função externa de deputados e TCE), dar-lhe transparência e em combater a corrupção.

Seria Mauro Carlesse, depois de ser acusado de demitir delegados por investigarem seu governo e o líder no Legislativo,  retrocedendo, em sentido inverso, no método apontado, no que terminaria, por lógica consequente, emprestando valor de verdade à denúncia dos delegados.

A exibição pública da denúncia, na forma em que se dá, aponta o contrário. Só uma aposta na idiotia coletiva da população para acreditar na aceitação da tese empregada pelo governo para defender-se das alegações firmadas pela ex-gerente.

Ela se alinha ao recorrente descaso do Secretário da Fazenda com os auditores fiscais. Auditores e servidores da Fazenda são responsáveis por algo em torno de 50% das receitas estaduais.

Um comportamento inadequado para um Secretário e obtuso para um governo que aponta dificuldades financeiras e um desequilíbrio fiscal com viés de alta, como se extrai da execução orçamentária deste ano (oito meses sob Mauro Carlesse) e proposta de Lei Orçamentária de 2019.

Do ponto de vista político, a denúncia da ex-servidora da CGE termina reforçando a tese de funcionários efetivos (como dos delegados) do exercício, por parte do Palácio Araguaia, de uso discricionário de funções públicas intransferíveis com o é a de servidores responsáveis pela transparência pública e policiais.

A turma de Mauro Carlesse tem que entender que não pode tudo e não é dona da administração pública. São apenas empregados temporários de um governador eleito por prazo determinado. Há leis e normas a serem seguidas. A fila vai andar.

Se davam a entender que faziam do gabinete do Legislativo uma espécie de propriedade particular, no governo podem dar com os burros n’água. O Palácio não é uma fazenda ampliada do grupo. Tem outros 1,5 milhão de pessoas além dos 24 parlamentares que endossavam tais práticas. Dificuldades maiores para impor situações.

Mauro Carlesse foi eleito pela população por duas vezes em seis meses. Não pode, entretanto, confundir a representação com licença ou um cheque em branco para praticar o que lhe der na telha. Muitos governos foram cassados e governadores com projetos políticos interrompidos por enxergar como banal ignorar regras básicas e elementares, tanto da administração pública como da política.

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