O governo ainda não abriu o orçamento. O orçamento de 2019 só em fevereiro. É provável que seja votado e aprovado na primeira semana do próximo mês. Nada justificaria sua postergação que não irresponsabilidade e fisiologismo parlamentares em detrimento do interesse público e de Estado. Nada foi alterado no projeto já protocolado e que o Legislativo deixou de apreciar para entrar de recesso com duas semanas de antecedência. Sem qualquer objeção do Executivo o que sugere concurso de vontades políticas.

Resultado: a primeira semana do novo governo foi o repeteco do início de governos anteriores. Ações sem projetos e decisões improvisadas. Sem orçamento. Deputados e Palácio Araguaia repetem o método que pariu a crise financeira, ética e moral da sociedade política com repercussões na economia regional.

Até na confusão primária entre marketing e governo (quem aí não se lembra do publicitário Marcus Vinicius comandando reunião de secretários de Estado no eixo Goiânia/Brasília no governo Marcelo Miranda? Dirigindo e ditando políticas de governo!!). Os resultados dessa parceria ilegítima entre povo e publicitários sem a intermediação do voto também são bastante conhecidos.

Na atual administração, entretanto, emerge um grau maior de arbitrariedades, apesar da aparente disposição de Mauro Carlesse para ponderações até por sua própria natureza. Há ainda a engrenagem. E ela é o ralo. Há um grupo que circunda o poder desde a criação do Estado. São deputados, técnicos, políticos, jornalistas, publicitários que se agrupam a cada quatro anos e, eleito o escolhido, apoderam-se do poder da representação. Só não conseguiram manobrar Siqueira Campos por força da lei da física.

Mas nos outros, exerceram o que mais sabem fazer: listas de adversários (tanto na administração pública como entre empresários e jornalistas), prints de mensagens, cópias de matérias jornalísticas para fazer ver ao governador os inimigos que seriam adversários políticos, ideológicos e até de práticas administrativas. Orientam até pagamentos com suas avaliações.

Empresários considerados não alinhados ao governo, mesmo tendo entregue o serviço/produto, tem seus pagamentos destinados as gavetas. Seguram pagamentos liquidados por manifestações políticas, publicas ou privadas, transmitidas nos aurículos: fofocas rentáveis. Na verdade, é o trabalho de uma turma não pequena.

É o seu capital que tangencia o caráter público da grana que os financia. E que as democracias e o poder público, pela lei, estão sujeitos a escrutínios públicos e judiciais. Uma crítica ao governo, técnicos inteligentes bem intencionados deveriam enxergar como ajuda, um outro ponto de observação que talvez não tivessem enxergado. O contrário, é tirania do pensamento único e privado com recursos públicos.

Eles vão deixando rastros (qualquer hora aponto alguns deles por aqui com nome, sobrenome e endereço) e prejudicam não só o governador de fato e de direito,como a população do Estado. Há evidentemente um grupo próximo de Mauro Carlesse (que conheço há décadas) refratário a tais expedientes. São minoria.

Se não reagirem, arriscam-se a serem engolidos. E ao próprio governo, transformando Mauro Carlesse do democrata que foi às urnas, a um tirano populista dada a concordância tácita e expressa dos líderes políticos e partidos, a tais condutas e sob as remunerações conhecidas.

Não creio que Carlesse já se tenha dado conta da extensão disso nem que seu projeto seja fincado em tais intenções. Não aparenta ser um tirano que parte seus auxiliares parece querer construir na personagem do Governador para administrar um Estado de pobres e paupérrimos.

E que há trinta anos já colocou nos cofres do tesouro cerca de R$ 300 bilhões e continua com os piores indicadores sociais do país, na contramão da concentração de renda escandalosa no Estado e do enriquecimento financeiro explicitamente ilícito de parte de sua classe política, sem qualquer importunação da Receita Federal.

O apoio dado pela população a Mauro Carlesse (na sua primeira disputa majoritária) em quatro eleições (duas com dois turnos) em menos de seis meses, seria, pela lógica, demonstração de que viu no Governador instrumento para mudar essa história e essa forma de governar o Estado.E que Carlesse jogaria ao mar os sanguessugas de sempre.

Dando-lhes o tratamento justo que merecem, evidentemente, sem perseguições, observando simplesmente a relação custo/benefício do serviço que prestam (ou deveriam prestar) à população. Governos não podem ser feitos com improvisações e fofocas. Esta fórmula não deu certo por aqui como não dá em lugar nenhum civilizado e sob as regras do estado democrático e de direito.

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