O Estado completa 30 anos de criação nesta sexta com memória certo modo incompleta. Uma defasagem proveniente de ação e omissão política proporcional ao descaso com que trata seus registros.

O historiador e jornalista Otávio Barros é, na prática, um dos poucos que faz um trabalho de tecelão, juntando mosaicos da história, percorrendo, em idade avançada (e sem nenhum apoio dos poderes) museus e museus, bibliotecas e bibliotecas, há décadas.

Depois, para publicá-los, sai mendigando moedas nos escaninhos da burocracia por obrigação pública. Só darão o valor devido a Otávio Barros depois de sua morte. Deve estar naquela de Nelson Cavaquinho: Me dê as flores em vida/O carinho, a mão amiga,/Para aliviar meus ais./Depois que eu me chamar saudade/Não preciso de vaidade/Quero preces e nada mais. Num Estado com historiadores acadêmicos que não tem a paciência de um tecelão e fiador de histórias como Otávio.

Conheci Otávio há exatos 33 anos. Editávamos jornal na mesma gráfica O Estado de Goiás (em Goiânia) –gráfica do Nelson Rafhaldini Jr que faleceu no primeiro semestre deste ano. Todos os meses Otávio ali aportava com o seu O Estado do Tocantins. Mais que um jornal, uma missão antes (e na defesa) da criação do Estado.

O seu Breve História do Tocantins e de sua gente –Uma luta secular é algo maravilhoso e que deveria ser livro obrigatório em todas as escolas públicas do Estado (federais, estaduais e municipais) de todos os níveis. Assemelha-se (entendo até mais consistente) que os trabalhos de Americano do Brasil ou Zoroastro Artiaga fez sobre a história de Goiás. Otávio fez trabalho de campo para encontrar documentos e registrá-los.

Zoroastro é nome de museu em Goiânia. Otávio se arrasta na Capital com seus tesouros debaixo do braço com a academia, historiadores (que se gabam não raro de conhecimentos rasos) e poder público alheios aos seus registros. De costas à memória do próprio Estado que escolheram para criar seus filhos e ganhar a vida.

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