Tocantins deve ser um paraíso onde os empresários não se preocupam em sair por aí com um milhão de reais debaixo do braço. Um dia 500 mil reais, noutro um milhão e agora mais um milhãozinho. Não se ligam para esse negócio de operação bancária, de transferência de numerários por banco: querem mesmo é carregar a bufunfa.

Devem acreditar na segurança do Estado. Ainda que estejam sujeitos ao acaso de ações prosaicas da Polícia e saibam que carregar dinheiro vivo não é crime, desde que sua origem seja lícita.

O caso de ontem quando policiais apreenderam um milhão de reais quentinhos (ou frios) em Miracema é exemplar de como a turma não se preocupa mais com tomar qualquer precaução.

Nas cidades do interior quando um aviãozinho ronda uma pista de pouso, quem primeiro chega é a polícia. Não é nem para fiscalizar. É porque raciocinam ser alguma "autoridade" baixando na cidade.

No planeta terra, a Umanizzare (que diz-se ser o empresário flagrado com a grana ligado a sócio da empresa) conseguiu do governo contrato para administrar presídios por montanhas de dinheiro desde o governo Siqueira Campos em 2012. Lá, o governo contratou a empresa por R$ 4.116,49 por cada preso quando a média nacional era de R$ 3.710,00. Um sobrepreço de R$ 406,00

O contrato foi renovado no governo Marcelo Miranda por R$ 3,7 mil por cada preso, quando a média nacional paga naquele ano era de R$ 2,4 mil. Um sobrepreço de R$ 1,3 mil em relação aos preços pagos no país.

O triplo da diferença a maior de Siqueira Campos considerada a mesma relação. Sem qualquer responsabilização maior do Tribunal de Contas do Estado ou dos deputados. Mas enfrentada pelo Ministério Público e Justiça.

Mais não bastasse, no governo Marcelo Miranda, quando o governo pagava para a Umanizzare R$ 3,7 mil por cada preso, nos presídios administrados pelo mesmo governo cada preso custava aos cofres públicos R$ 1.671,24. Como se nota, o governo aceitava pagar à empresa R$ 2 mil a mais do que ele próprio gastava com cada presidiário. Os gestores sequer enrubesciam a face para informar publicamente esta diferença, no beiço do TCE.

Só esta diferença aí (sobrepreço) entre o valor pago pelo governo nos seus presídios e o que pagava à Umanizzare nos presídios que ela administrava (Barra da Grota e CPP Palmas) com cerca de 1.200 presos as duas, teria possibilitado um ganho adicional à empresa, comparado o que gastava o governo, de R$ 28 milhões por ano. Ou seja, R$ 140 milhões em cinco anos.

De outro modo: se pagasse à Umanizzare o que gastava com cada preso nos presídios que o próprio governo administrava, o Palácio pagaria apenas R$ 23 milhões por ano (o valor do contrato) R$ 115 milhões em cinco anos - e não os mais de R$ 260 milhões no quinquênio, considerando 1.200 presos multiplicados pelos R$ 3,7 mil/mês por cada preso durantes cinco anos.

Uma diferença de escandalosos de R$ 151 milhões que sairam a mais dos cofres públicos para encher o bolso dos empresários e seus tributários. E, pior, confessados por que admitidos publicamente no governo Marcelo Miranda e barrados pela Justiça.

Ou seja, esse aviãozinho já deve ter carregado mais grana. Outros certamente o sequenciarão.

Um desvio explícito identificado pela própria Justiça estadual em decisão da Fazenda Pública e que qualquer hora dessas vai surtir resultados nos agentes. Ainda assim, o empresário sai por aí com um milhão debaixo do braço em espécie.

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