Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado deveriam, em condições normais, sentirem-se envergonhados com esta nova denúncia da Operação Ápia. No TCE, como é de conhecimento público, existe uma maioria de conselheiros "discípulos" do siqueirismo. É indiscutível a tendência majoritária.
Dos sete conselheiros titulares e nove suplentes, exceção conhecida de dois conselheiros independentes, votam deliberadamente favoráveis a contas de gestores ligados a Siqueira Campos. Não é segredo nenhum. É público nas decisões ainda que se possa entender suas argumentações técnicas, elas não podem ser cotejadas nas decisões contrárias a opositores.
As denúncias aceitas pela Justiça Federal, somada a esta feita agora pelos procuradores da República, dizem respeito a desvios que teriam sido feitos nos cofres públicos entre 2013 e 2014. No governo de Siqueira/Sandoval.
Apesar de decorridos seis anos, no Tribunal de Contas do Estado só existe relatório de contas do governo Siqueira dos exercícios de 2011 e 2012. De 2012, pula para 2016, já no governo Marcelo Miranda.
O TCE publica no seu portal as contas (relatórios) de 1.999 a 2012 e, curiosamente, salta 2013, 2014 (os anos dos desvios apontados pela PF/MPF) para entrar em 2016 e 2017, quando o governo era do MDB.
Ou seja: o R$ 1,2 bilhão de 2013 e 2014 ou o TCE foi mais devagar que a PF/MPF ou estaria mais cuidadoso com as contas que, pela lei, é obrigado a investigar, tendo inclusive prazos a cumprir.