O senador Irajá Abreu conseguiu transformar um evento filantrópico num fato político. Fato. Afinal, a presença anunciada de 35 parlamentares (inclusive governador e o presidente do Senado/Congresso) não é para qualquer um, num Estado de menos de um milhão de eleitores e 24º PIB do país.

Com direito a declarações do Senador anfitrião de apoio ao governador Mauro Carlesse (presente ao evento), apesar das tratativas que tem feito com Paulo Mourão, Carlos Amastha e Vicentinho Alves com vistas à sucessão do Chefe do Executivo.Irajá é declaradamente candidato ao governo mas tem o bom senso de não sair por aí em campanha fora do tempo. Age com prudência.

Astros (junto com ex-jogadores de futebol e cantores) de um público pagante (com doações) que ocupou menos de um quarto das arquibancadas do Estádio Nilton Santos (capacidade de 12 mil pessoas).

A idéia altruísta do Senador deveria ser copiada: são 40 toneladas de alimentos (anunciadas ontem) a serem distribuídas a entidades assistenciais. O público pouco importa, está atrás de diversão e de ver seus ídolos (artistas e ex-jogadores) e dá bulhufas para a carruagem de políticos.

Os políticos é que o transformam em ato político, diminuindo, do ponto de vista da intenção, o evento já que sob observação pragmática o êxito estaria nas toneladas de alimento e não no peso de deputados e senadores que, nas atuais circunstâncias, são, na verdade, contra-peso.

E aí o Senador termina sendo reconhecido, certo modo amplificado, pela quantidade (e qualidade) de políticos que consegue atrair para o interior do país. De forma que o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, deixa de ir a Macapá (sua base) para ficar o final de semana em Palmas, junto com o filho do presidente, também senador Flávio Bolsonaro. Não por acaso.

Os Bolsonaro, como é notório, estão contando votos dos senadores para a aprovação, nos próximos dias, do nome de outro membro do clã, Eduardo Bolsonaro (deputado federal) para Embaixador dos Estados Unidos. Indicação que já tem o voto certo de Alcolumbre e de Irajá Abreu e que a imprensa nacional já trata também ter o apoio da senadora Kátia Abreu, até aqui adversária ferrenha do presidente e do qual foi oposição em 2018 na chapa de Ciro Gomes.

Eduardo Gomes não conta porque já é vice-lider de Bolsonaro no Senado mas também estava lá. Grupo a que se junta outro senador, Romário, também figurinha carimbada dos eventos de Irajá.

De outro modo, o encontro Solidário, é dado inferir-se, além da diversão proporcionada e das toneladas de alimentos arrecadadas, selou na Capital mais que um compromisso altruísta de acabar com a fome.

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Ponto Cartesiano

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