O resultado das urnas registrou o óbvio: deslocamento de ativos políticos sem qualquer alteração relevante no espectro ideológico ou partidário. O siqueirismo (sem a oposição do MDB) mostrou a sua força (decisiva nos 249 mil votos dados a Eduardo Gomes, que tem Siqueira como suplente) e no empuxo a Mauro Carlesse que, se já tinha maioria parlamentar, estava, ainda, circunscrito à imersão doméstica do Legislativo. Siqueira foi o primeiro líder de expressão estadual a defender, publicamente, a candidatura do Governador.

Sinalizam as urnas, a priori, entretanto, de já, a disputa pelo governo daqui a quatro anos quando Mauro Carlesse não poderá ir à reeleição mas, com o poder político que lhes delegou as urnas (57% dos votos válidos) e a aprovação ao seu governo, poderá disputar a única vaga disponível ao Senado em 2022.

O grupo palaciano saiu com um potencial candidato ao Palácio Araguaia, o senador eleito Eduardo Gomes, o grupo da senadora Kátia Abreu (com o senador eleito Irajá Abreu), o ex-prefeito Carlos Amastha (com os seus 219 mil votos/31%) e, evidentemente, o MDB que já terá em 2022 (se não houver outra condenação) o ex-governador Marcelo Miranda livre para disputar qualquer mandato. Inclusive o governo.

Eduardo Gomes sai na frente. Isto porque já vem em ascensão em disputa de cargos majoritários desde 2014 quando, por muito pouco, não derrotou a senadora Kátia Abreu que, até aqui, ainda não conseguiu formar verdadeiramente um grupo político para chamar de seu. Muito pela falta de estrutura de atração dos governos.

Mesmo que atue diferente, idêntico problema enfrentará o senador eleito Irajá que tem projeto político de governar o Estado e ainda não tem um grupo formado, ainda que o PSD tenha sido o partido que mais cresceu nos últimos anos (sob seu comando) no número de prefeitos eleitos. Mas demonstrou na eleição ao Senado que é bom de briga e que tem votos.

A reação imediata de Carlos Amastha após o resultado das urnas aponta que o ex-prefeito aposta no projeto ao governo e não apenas nas eleições. Não para menos: 31% dos votos válidos, sem estrutura governamental nem base de deputados ou partidos, não é pouco.

Sinaliza potencial relevante e pode convergir a oposição a Mauro Carlesse nos próximos anos na falta de poder político do MDB que conseguiu eleger apenas cinco deputados estaduais (a maioria próxima a Carlesse) e uma deputada federal. Aliás, o MDB iniciou aproximação com Amastha nestas eleições e se deixar de lado as idiossincrasias pessoais, pode construir uma aliança favorável.

Será uma tarefa não muito fácil: dos oito deputados federais eleitos, pelo menos cinco são da base palaciana. E na Assembléia, Carlesse tem uma maioria acachapante: pelo menos 20 deputados eleitos (e reeleitos) – inclusive alguns do MDB - devem seguir com o Palácio nas votações no Legislativo. Uma quase unanimidade que há muito não se via. Diferente do Senado onde enfrentará um grupo familiar interessado no seu cargo: os senadores Kátia Abreu (PDT) e Irajá Abreu (PSD). Contra apenas um aliado: o senador eleito Eduardo Gomes.

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