O deputado Eduardo Siqueira quer uma auditoria na folha de servidores. Da base governista, não se pode circunscrevê-lo, portanto, a adversário do Palácio o que retiraria do pedido a natureza de mero suspiro oposicionista e demagógico.

Ademais, ex-manda-chuva do governo Siqueira Campos (aliado de primeira hora de Mauro Carlesse), deve conhecer muito bem os meandros da administração, reforçando, assim, os fundamentos técnicos (até empíricos) dos seus argumentos.

Eduardo sugeriu (e com boa dose de razão) que precederia a uma possível reforma administrativa (que Mauro Carlesse dá indícios que fará), que os secretários apresentassem um relatório ao Governador.

A inversão do destinatário da cobrança (que quer se entenda como sugestão) também revela cuidados. Como é lógico, Secretário nenhum irá apresentar relatório ao Governador sem que seja por ele solicitado e ser enquadrado, política e administrativamente, por apropriar-se de competências.

Imagina: se um deputado com toda força política do mandato não cobra diretamente de um governador medida administrativa e de planejamento, preferindo sugerir a auxiliares do Chefe do Executivo a ação, por que motivos um Secretário por ele nomeado ad nutum, iria fazê-lo com a apresentação de relatório ainda não solicitado, invertendo a ordem decisória com uma ação afirmativa e, pior, pró-ativa que denunciaria, evidentemente, uma inação. Do governador.

Das premissas poder-se-ia, ainda, deduzir que o governo já trabalhasse um esboço de reforma administrativa sem que os secretários tivessem municiado o Palácio de informações tão necessárias quanto imprescindíveis. Aí, o deputado do Democratas teria caído numa armadilha que ele próprio armara.

Eduardo é candidatíssimo a ser presidente do Legislativo. Experiência parlamentar não é problema. Foi prefeito de Capital, deputado federal, senador e agora estadual de segundo mandato. Estuda regimento como poucos.

Intui-se que não queira impor desgaste a Mauro Carlesse que tem, tudo indica, poder político sobre os deputados. Se não pelo tratamento que os deu na presidência do Legislativo, mais ainda agora pela força de atração do governo e da discricionariedade na liberação dos R$ 77 milhões de emendas parlamentares previstas para o próximo ano.

Na verdade, Eduardo faria um bem danado ao governo e à população se levasse a público o número de imóveis de deputados estaduais alugados para a administração pública estadual. E os nomes dos parentes dos parlamentares empregados em cargos em comissão no governo. Mas aí correria o risco de ser esconjurado pelos eleitores que pretenderia cooptar na sucessão da mesa diretora.

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