Para dar alguma lógica ao governo nestes dez dias é necessário atribuir o bate-cabeça palaciano para nomear assessores, a estratégia política tendo em vista a eleição da mesa diretora do Legislativo. Ainda que o raciocínio aponte para situações ilógicas.
É um ambiente em que até mesmo os operadores políticos do governo demonstram não encontrar pontos de convergência.
Se nem nisso aproximam-se, como se poderia conformar-se num grupo coeso de propósitos conjuntos e que pudesse oferecer um produto à população.
Há pelo menos três candidatos dizendo-se ter o apoio do governador e do vice. Premissas conflitantes como a resposta que tem, os pretensos apoiados dos supostos apoiadores, no dia-a-dia.
Deixa-se correr livremente, no processo de escolha, o poder político do vice em desfavor do Governador, o eleito. Como se o vice tivesse importância não só na vacância do titular. Ativo político condicionado.
Ainda que se tenha que o vice não tivesse a intenção de operar contra o titular, na prática o faria. Conclusão a que se chega pelo simples uso de razão política.
Ocuparia, o vice, o lugar do sujeito oculto: aquele que você não vê, mas sabe que existe. No governo, favoreceria, como efeito, a desidratação de Mauro Carlesse, o eleito, ainda que se possa argumentar como mera movimentação política. Mas é disso mesmo que se trata.
E aí o problema para o Governador: decidir se teria um candidato ou se o candidato seria o do vice. Na primeira, ele seria o protagonista da escolha. Na outra, entregaria seu ativo ao seu eventual substituto, substituindo, também, a representação.
Disso é possível deduzir que a sucessão da mesa diretora estaria sendo disputada por Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa. E não pelos deputados. Mesmo que um se aderisse à vontade do outro, não eliminaria a existência da disputa entre os dois, a partir dos apoios considerados pelos concorrentes.
Caso contrário, um e outro ou um ou outro demonstrariam, de público, projetos convergentes, a deixar prosperar a confusão que, no caso, sequer possibilitaria o princípio de dividir para governar. Isto porque estaria sendo dividido é o ativo político do próprio governo. Uma política kamicase não contra inimigos. Mas aliados.
E a administração: ora, se na disputa do Legislativo (que entrou de férias com duas semanas de antecedência sem apreciar a Lei Orçamentária) se encontra nestas condições, é razoável supor que o Secretário da Fazenda tivesse o direito de entrar de recesso nesta confusão toda, como teria sido informado ontem, naquela pasta, ao presidente do Sindicato dos Auditores que colocam nos cofres públicos só de ICMS o equivalente a 75% das receitas tributárias. E perto de 50% de todas as receitas do Estado.