Hoje comento um clássico do Cinema Novo e um dos mais representativos da filmografia de Glauber, Deus e o Diabo na Terra do Sol. Ambientado no sertão nordestino, as letras da trilha sonora são de Glauber, musicada e interpretada por Sérgio Ricardo para o filme. A inspiração vem da literatura de cordel. O espetáculo cênico dentro do filme bastaria, mas é acrescido de elementos da realidade brasileira. Comento três sequências. No primeiro, destaco o enquadramento do cenário árido e natural do sertão nordestino castigado pela seca, que Glauber evidencia a geografia e o clima. A paisagem árida aparece em primeiro plano e as personagens em plano secundário
Neste outro enquadramento, o fanatismo religioso aparece de forma sutil. Cena do diálogo de Antonio das Mortes com o cego Júlio. O plano aberto enquadrando as personagens de costas sugere o palco da guerra de Canudos e o fanatismo messiânico indica a metáfora da personagem cego Júlio apresentada no diálogo. As colunas separando os dois pode indicar também uma metáfora dos diferentes pontos de vista sobre a mise-en-scène.