Os valores da sociedade dependem dos seus interesses particularizados e que, nem sempre, contemplam ao que interessa à maior parte. A reação que moradores da região central da cidade fazem à desafetação de APMs (com aval da Justiça) para permuta com proprietário de área do Jardim Taquari (uma região onde moram cerca de cinco mil famílias/uma cidade de 20 mil pessoas) e regularizar os imóveis, é daquelas situações que mereceriam uma reflexão dissociada de flexões eleitorais, como parece ocorrer.

Ex-prefeitos de Palmas, não muito distante, fizeram desafetação de áreas para finalidades muito menos de interesse público  que particular. Raul Filho desafetou diversos imóveis, ali mesmo no centro da cidade, para a instalação de postos de combustíveis (alguns em áreas nitidamente impróprias como ao lado de hotéis e lojas), beneficiando vereadores, parentes e amigos. E não se viu a "sociedade" que mora no centrão ameaçar buscar Ministério Público. Ou gritar: peraí, Raul!!!! Os vereadores, muitos também beneficiados, calaram-se diria, não envergonhados, mas por precaução eleitoral. Sem serem incomodados, já que as leis foram por eles mesmo aprovadas. E sem o escrutínio da Justiça como ocorre agora. Apenas o processo legislativo.

O mesmo Raul desafetou imóveis em áreas comerciais privilegiadas para vender a empresários amigos sem licitação. Áreas com arvores frondosas como pés de bodoqueiro viraram empreendimentos comerciais. E o centrão, nada!!!! Praticamente todos os prefeitos entregaram imóveis destinados a equipamentos públicos a igrejas de diversos credos, de olho nos votos dos fiéis. E o centrão, nada!!!!

Vem de Raul também a desafetação de área de preservação ambiental nas barrancas do córrego Brejo Comprido para a construção do Shopping Capim Dourado, flagrado despejando dejetos próximo de suas margens. E o que dizer do estacionamento subterrâneo e suas implicações no lençol freático do córrego que não só corta, mas abastece a cidade. O centrão aplaudiu o portento comercial!!! as vitrines e os preços!!!

Carlos Amastha – fazendo como metáfora o projeto do novo plano diretor  - mudou a destinação de parte da APP da Serra do Carmo para possibilitar ricos loteamento em área nobre da cidade (estão comercializando até imóveis "personalizados", seja lá o que isto significa) e o micro-parcelamento de chácaras de alto padrão que se transformarão, agora, em condomínios de alta renda. E o centrão, nada!!!!!

Agora Cínthia cumpre um acordo judicial que vai beneficiar o andar de baixo lá no Taquari, com a regularização dos lotes, possibilitando-lhes a propriedade de fato e de direito, viabilizando, por consequência, o empréstimo de R$ 240 milhões para obras em 14 bairros periféricos da Capital (asfalto, drenagem e que tais) e de quebra ainda recebendo a dívida do IPTU do imóvel, o centrão grita: alto lá!!!! A prefeitura não pode fazer isso porque é para posto policial e equipamento público do centrão!!!!

É, podem estar certos!!! Ainda que seja transparente não a luta, mas uma disputa de classes.

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Ponto Cartesiano

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