Política é, não raro, previsível. A constatação antecipada de que Ataídes de Oliveira seria reeleito presidente do PSDB regional no sábado e sairia fortalecido contra sua maior adversária no partido, prefeita Cínthia Ribeiro, coincidiu com a primeira crítica pública do governador Mauro Carlesse na sexta, um dia antes da convenção, à Chefe do Executivo metropolitano.
À crítica foi dada amplitude rasa sem a devida demonstração de que uma declaração dessas de um governo até aqui medíocre dependendo de empréstimos para funcionar, seria por demais incoerente e não comportaria o ataque gratuito do governador à prefeita que, ademais, administra uma prefeitura enxuta. Ao contrário do governo.
Não depois disso por causa disso (o dia não nasce porque o galo canta, que se note), já que Ataides tinha, com antecedência, garantida sua reeleição no partido. Mas evidentemente que a crítica gratuita de Carlesse a Cíntia favoreceu (mesmo sem a participação tucana) o recrudescimento do racha no ninho tucano, dando gás e munição aos aliados de Ataídes no enfrentamento político à prefeita do mesmo partido. E política nada mais é que uso de instrumentos de pressão. Exercício de retórica e dialética.
Ainda que o ataque de Carlesse à administração metropolitana tenha sido mero impulso intuitivo, a equação circunstancial foi por ele movimentada de forma voluntária ou involuntariamente dado duas constatações óbvias e insofismáveis: 1) Carlesse ainda não tinha feito críticas à prefeita até agora e nem poderia fazê-lo por causa até da administração que faz e 2) fazê-lo um dia antes de uma convenção que consagraria o adversário da prefeita no partido certamente não a beneficiaria.
Como é possível deduzir, a divisão no PSDB metropolitano beneficia Mauro Carlesse que tem no vice, Wanderlei Barbosa, pré-candidato a prefeito da Capital. E aí o impulso intuitivo ou calculado. Uma fórmula muito transparente. Ou seja, para o Palácio o PSDB dividido ou com uma candidatura sem a máquina, é o maior dos seus desejos com a estrutura de governo que possui.
E tome críticas a Cínthia e apoio a Ataides e seu grupo. Anunciados 27 prefeitos do PSDB que também precisam de dinheiro público (lembram-se do R$ 1 milhão que cada prefeito vai ganhar dos empréstimos de R$ 739 milhões???) para suas campanhas eleitorais. E isto, também por razão lógica, os aproxima do governo quanto mais se afastam do "obstáculo! (para as pretensões do Palácio) que é Cínthia, avenida que se abre na adversidade de Ataídes.