O governo (não sem o auxílio de sempre) anda fazendo um alarde sobre uma publicação (Intrafish) – especializado em piscicultura – de que grandes produtores de peixe estariam de olho no Tocantins "que seria a grande fronteira do Brasil para a produção de tilápia".

Na prática, a amplificação da "notícia" na forma colocada, inverte a relação já que seria apenas efeito do que os estudos da Embrapa Pesca no Estado seriam a causa. E que, certamente, impulsionou o Conselho Estadual de Meio Ambiente no dia 5 de dezembro último a conceder a licença de exploração da tilápia, um peixe considerado exótico da Amazônia.

Daí que a precedência dada a uma avaliação chinfrin dessas, dando-lhe mais importância que as concedidas pelos estudos e licenciamento, resvala para mero expediente a ajudar grandes empresários a conseguirem financiamentos para seus negócios.

E que a própria publicação o revela ao já citar, na mesma análise, que uma empresa (Aquabel) teria planos para abrir um centro de melhoramento genético no Tocantins. E aí o núcleo da coisa.

Não por causa ou depois da Intrafish, o Estado tem potencial para ser um grande exportador de peixe. Os governos é que atrapalha. O licenciamento da pesca no lago da UHE Lajeado demorou quase dez anos e só saiu depois de esforço político da senadora Kátia Abreu junto ao Ministério da Pesca no governo do PT.

No caso da tilápia, o governo informa que vai iniciar pelo lago da UHE Lajeado que, apesar de ter 630 hectares (1% da lâmina) que podem ser utilizados, só tem licenciamento do governo federal para 125 hectares. Um dificultador à expansão da estimativa propagandeada.

No Estado, o governo protelou, por anos, medidas para auxiliar os escassos piscicultores a aumentar (e industrializar) a produção no tanque-rede. São mil produtores apenas quatro frigoríficos com selo de Inspeção Federal, uma obrigação.

Só ganhou impulso após a instalação da Embrapa Pesca em Palmas, já com Kátia Abreu no Ministério da Agricultura. Essa mesma Embrapa que fez os estudos sobre as tilápias da Intrafish. Mas ainda estão aí os produtores de peixes em grandes projetos como Tamborá, Piratins e Barra Mansa produzindo algo em torno de mil toneladas de peixe por mês.

Mas a Intrafish é que dá o selo ao governo: os grandes produtores estariam "de olho" no Tocantins, a grande (e não uma) fronteira do Brasil para a produção de Tilápia!!! Pronto: a Aquabel já pode bater às portas do BNDES.

É bom para o Estado? Pode ser. Mas antes deles, os chineses (que produzem 60% dos peixes consumidos no planeta) por aqui já estiveram. Mas observaram as deficiências de escoamento da produção. Um estado que patina até para consertar ou construir uma ponte de R$ 120 milhões (sobre o rio Tocantins em Porto Nacional), fundamental para a ligação da produção com os modais de transporte ferroviário e rodoviário até os portos marítimos.

Vamos produzir tilápia, moçada, que o governo e a Intrafish garantem.

Deixe seu comentário:

Destaque

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins (MPTO) deflagrou, nesta quarta-feira, 13, a ope...

O projeto de construção da infraestrutura turística na praia do Lago do Manoel Alves, localizado em uma região entre os municípios de Dia...

O senador Irajá Abreu (PSD) dá indícios de querer escalar sua campanha eleitoral com quatro anos de antecedência. Se até agora fazia uso de sua...