À medida em que se afunila o processo sucessório na mesa diretora do Legislativo, aprofunda-se o fosso ético e moral da classe política no Estado, deteriorando mais ainda os partidos e parlamentares.
Não se disfarça mais que os candidatos que melhor se enquadrariam nos cargos de direção da Assembléia Legislativa (cuja eleição ocorre no início de fevereiro) fossem aqueles que se dispusessem a defender o Executivo para dele merecer a indicação, em detrimento das competências e independência dos dois poderes.
Posto da forma e tal como se dá, terá maioria para Presidente do Legislativo o deputado que demonstrar maior garantia que o negará no exercício do cargo. E que tem como uma das obrigações constitucionais justamente fiscalizar o governo que o elegerá
Caso contrário os deputados não atribuiriam ao Governador a condição de interferir na eleição que se dará somente entre os parlamentares, transmitindo aos seus eleitores e à população a incompetência para decidir sobre seu próprio comando, entregando-o e suas competências constitucionais, ao poder Executivo do outro lado da Praça dos Girassóis.
A acoplagem do Legislativo ao Executivo é uma anomalia maior que os expedientes que, não raro, a impulsionam. Ela nega e anula um poder constituído pelo voto popular e as competências e prerrogativas concedidas a deputados que nada mais são que servidores públicos muito bem remunerados pelo Estado.
No popular, será presidente do Legislativo o deputado que defender o Executivo da Assembléia Legislativa. E tudo isto aí às claras. Há até disputa entre quem é mais governista. Há páreos para saber quem defendeu mais governos.
Alguns, são notórios. Ainda que filiados a partidos de oposição, sempre são situação. Com direito a cargos, contratos, aluguéis de imóveis, liberação de emendas e a boa vida que os governistas merecem.
Depois saem por aí a refutar outsiders forjados justamente pela deterioração da classe política tradicional e pelo colapso dos partidos.