O governador Mauro Carlesse mostrando que é bom de conversa. Rapidinho conseguiu convencer os parlamentares pela necessidade de aprovação dos projetos do Executivo. Concedeu um pouco aqui, outro ali, mas grosso modo, conseguiu o que queria.

Com direito ainda à recomendação (como lhes atribui as fontes do Portal CT, do jornalista Cléber Toledo). Traduzindo a mensagem: ou estão com o governo ou não estão.

Evidente que quem não está com o governo, não está com o governo! E quem está com o governo está com o governo! Mas os deputados entenderam, parece, o recado quando o governador teria lembrado-lhes de ônus e bônus. Mais direto que isto, impossível.

Afinal reduzir de 30 para 24 meses na questão das progressões não é nada, até porque a própria MP já dá abertura para o governo retomá-las a qualquer hora. E o que dizer de colocar na geladeira a MP da Procuradoria. Fosse séria a proposta, mandava o deputado retirar a PEC da pauta do Legislativo, pegava a PEC de volta. E ainda tem o Manual da PC que recebeu o aval dos parlamentares.

Vejam bem: um Chefe de um poder (Executivo) adentrar outro poder, o Legislativo, e colocar o dedo em riste (ainda que metaforicamente) na cara de parlamentares eleitos, dizendo-lhes ou é governo ou oposição é um negócio assustador. Tipo assim: ou você escolhe um lado (o dele) ou vai amargar quatro anos e aguentar as consequências!!

Mais: alertando-lhes, na sede do Legislativo, a relação ônus e bônus com recursos que são do contribuinte que elegeu tanto o parlamentar de oposição como da situação. Em qualquer governo ou país do planeta seria uma afronta.

E os deputados aceitarem o bônus, decidindo-se por colocar o rabo entre as pernas e aprovar os projetos, debaixo de vara, é daquelas situações surreais na régua da legitimidade da representação popular. E, lógico, acreditando em promessas de pagamento futuro!!!! muito claro na escolha do bônus!!

Não se está aqui a eliminar conversas entre Executivo e Legislativo. Nas democracias, o Executivo tem o direito de convencer deputados acerca de seus projetos. E os parlamentares tem as demandas de seus municípios que nem sempre convergem para as prioridades governamentais. Política é conversa, entendimento. Faz parte tanto das funções do Chefe do Executivo como dos parlamentares.

Normalmente, entretanto, um Chefe do Executivo não bate o pé na porta do Legislativo com propostas semelhantes e ameaçando retaliações dentro da própria sede do parlamento.

Pela leitura do que já foi vazado, Mauro Carlesse agiu no Legislativo como se fosse ainda chefe daquele poder!!! Hoje comandado por por outro deputado, Antônio Andrade. Por muito menos, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deu um cangapé no ministro da Justiça (Executivo) Sérgio Moro, na semana passada.

E isto evidentemente tem custo: institucional, político e financeiro. Ou o que significaria, para o governador de todos os tocantinenses, enfiar o dedo no Legislativo, ameaçando com algum tipo de ônus a parlamentares que não concordassem com alguma de suas intenções!!! E os deputados o aceitassem como cordeiros indo para o sacrifício para não perder os bônus!!!

Cuidou o acaso que a genuflexão dos deputados estaduais ocorresse menos de dez horas após a Câmara dos Deputados mandar um recado ao Palácio do Planalto, com a questão das emendas impositivas, demonstrando a interdependência do Legislativo em relação ao Executivo.

Deixe seu comentário:

Ponto Cartesiano

Lembram-se daquele projeto de Zero Papel descrito aqui no blog há duas semanas como meta do governo com a utilização, pela Secretaria da Fazenda, do sistema Sf...

Os números são impressionantes. O contrato 040 (2024) – assinado em 25 de março e já empenhado – da Prefeitura de Peixe se compromissando a...

O Ministério Público fez publicar no seu Diário Eletrônico de ontem a Portaria de Instauração – Procedimento Preparatório 144...