Daqui a 27 dias (com recessos natalinos no meio) Mauro Carlesse assume um novo governo e não há até agora qualquer indício de que mudará o espectro político e administrativo que segue empurrando  já entrando nos nove meses. Metaforicamente, uma gestação. Até Jair Bolsonaro praticamente já montou o seu ministério e aponta o que quer no governo federal.

No Estado, não há qualquer projeto de governo que possa dar à população/eleitores alguma garantia ou esperança de que, no novo governo de Mauro Carlesse, poder-se-ia esperar dias melhores que o Governador promete desde abril. Agora, a partir de janeiro num governo só dele. Pode ser um segredo a sete chaves. Outro equívoco político dada a insegurança que favorece na dúvida sobre rumos.

Na verdade, Carlesse prometeu o que não poderia entregar e na forma como propalou que o faria. A situação financeira, política, administrativa e ética do governo não é uma obra só sua. Ele é apenas um dos agentes, seja no que ajudou, de forma indireta, no comando do Legislativo ou nos meses em que ele próprio assumiu diretamente o Executivo com praticamente a mesma equipe que o auxiliava na Assembléia Legislativa.

Mauro Carlesse teve, entretanto, nestes nove meses, apoio de servidores, de deputados, dos poderes e da população para, senão solucionar os problemas, pelo menos indicar uma direção, tanto do ponto de vista político como econômico e social. Mas não há qualquer indicativo disto, transcorridos nove meses.

E não será em 27 dias que isto será elaborado. O governo tem que fechar o balanço do ano. Final de mandato, há despesas e obrigações que não podem passar para o próximo governo sem enquadrar o gestor em crime de responsabilidade ou improbidade. E Carlesse responderá, também, pelas contas de 2018. E do governo que termina em dezembro.

Fato é que Mauro Carlesse, ainda que assuma um novo mandato em janeiro, pode já não ter mais tanto tempo assim. O apoio que ainda tem é resultado das eleições e das promessas.

Não apresentando projetos que impulsionem a economia e a população, nem solucionando os problemas que atingem diretamente o cidadão, é um apoio de rédeas curtas proporcional, no campo político, ao atendimento de parlamentares que não vão defender governador sem receber suas emendas nem ter empregos na administração para seus cabos eleitorais.Pode mudar? Pode!!

E aí o paradoxo. Para manter poder político necessário a uma governança, por mínima que seja, Mauro Carlesse tem, a priori, duas assertivas concorrentes e excludentes ao mesmo tempo:1) ou apresenta um projeto que sensibilize a população como um todo ou 2) terá que fazer a xepa com os parlamentares, contrariando as premissas fundamentais do seu próprio projeto de equacionar a questão fiscal do governo.

E seu prazo se esgota na exata proporção da percepção, por parte da sociedade e setores produtivos, de que não tem projetos para enfrentar o establishment que levou o Estado à atual situação.

Aí será cada um por si e Deus por todos. Como já ocorre há pelo menos quatro anos no Estado e que Mauro Carlesse promete desde abril corrigir.

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Ponto Cartesiano

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