Assemelha-se a um pastelão mexicano a trapalhada em que colocaram o governador Mauro Carlesse no Democratas antes mesmo de nele filiar-se. Carlesse, tudo indica, teria assentido a articulações do deputado federal Carlos Gaguim (eleito pelo DEM e que pelo arranjo teria também uma boquinha na presidência suprimindo instâncias partidárias), confiado que poderia filiar-se ao partido já como seu presidente. Sem combinar com os russos.

Vazar as intenções da forma que o fizeram como se já fossem realidade, naquele surrado estilo improdutivo de fazer política pela imprensa, à maneira dos engenheiros da "articulação", terminou por causar efeito contrário: desgastes políticos desnecessários ao Chefe do Executivo.

Provocou no Democratas reação à disposição do Governador e do parlamentar, recém-chegado à legenda. Menos por refração a Carlesse que à forma de não só reivindicar, mas determinar as condições para ingresso. Um partido que tem a presidência da Câmara e do Senado, três ministérios, três deputados federais e sete senadores. No Estado, 25% da bancada de deputados federais.

Políticos mais precavidos e inteligentes sabem que essas coisas não podem ser amplificadas antes de serem acertadas. Influencia no resultado. Política  é algo sensível, requer cuidado no manejo especialmente de suscetibilidades.

Os Democratas não disfarçam o mal-estar. A nota da deputada Dorinha Seabra que veio a público não traduz com exatidão o inconformismo da direção estadual e das lideranças com o encaminhamento dado à questão.

E não por fata de vontade de continuar como aliado. O DEM foi o primeiro partido a aderir oficialmente a Carlesse, concedendo-lhes cinco minutos de propaganda eleitoral quando o governador contava apenas com os segundos do PHS. E não ocupa cargos no governo. Mas continua na defesa do governo de Carlesse.

Como apurou este blog, Mauro Carlesse teria sido convidado, sim, a filiar-se, mas não teria havido qualquer acerto sobre o comando do partido que tem na atual presidente, Dorinha Seabra, sua referência estadual há mais de duas décadas.

Ao contrário do vazado, como confidenciam membros da Executiva ao blog, não havia qualquer reunião da direção nacional programada para ontem para tratar da filiação e troca e comando, como os articuladores espalharam. Uma forçada de barra, vê-se agora.

Carlesse teria sido incentivado a buscar ACM Neto, presidente nacional do DEM, que não teria concordado em tirar o Democratas de Dorinha e entregá-lo ao Governador.

Dorinha tem livre trânsito na direção nacional, relações próximas dos dirigentes como Ronaldo Caiado, ACM Neto e o próprio ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni, de quem é madrinha de casamento. As articulações paralelas revelariam um partido sem comando. Daí a reação. Um primarismo político dos formuladores da arquitetura de tomada do DEM.

A trapalhada pode ter precipitado reflexão, pelo Democratas, sobre o concurso de Carlesse esta semana. Caso ocorra, o Governador teria como opções mais próximas o PP (do deputado Lázaro Botelho, outro decano na legenda que preside) ou o próprio Podemos (onde o PHS se fundiu). Mas aí, para assumir o comando, terá Carlesse que retirar da presidência o sobrinho, Claudinei Quaresemin, alojado pelo Palácio no comando da legenda em abril último.

Agora, convenhamos: com tantos problemas no governo e outro tanto de situações para administrar e ponderar diuturnamente, Mauro Carlesse querer assumir também as atribuições de presidente de um partido. Ou vai faltar governador, ou o vácuo será na legenda.

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