Ainda que importe os 333 mil eleitores (32,14%) que escolheram não escolher um dos candidatos, o governador reeleito Mauro Carlesse sai das urnas como a maior liderança popular desde a criação do Estado.
Pouco se dá à avaliação por uma mistura de desconhecimento histórico/estatístico e, certo modo, indiscutível carga de preconceito. Contrário senso, pode-se deduzir, justificada por elementos que, curiosamente, cimentaram essa liga entre ele e o eleitor em 133 das 139 cidades do Estado: sintonia com algum sentimento com o povo e plasmado nas urnas. Ainda que se possa arguir outras variantes eleitorais. Mas que não anulariam a representação materializada no voto democrático.
Os 404.484 votos dados a Mauro Carlesse (com menos de quatro anos de mandato político) no domingo são 43.849 votos a mais que os 360.640 de Marcelo Miranda em 2014. É mais apoio que o dado a Siqueira Campos em 2010 (349.592 votos), a Marcelo em 2006 (340.824), que novamente Marcelo em 2002 (333.322), que Siqueira em 1.998 (245.434), novamente Siqueira em 1.994 (202.575) e Moisés Avelino nas eleições de 1.990 (175.166).
Evidente que o eleitorado também aumentou. Só que a uma proporção inferior à representação. De 2014 a 2018, o eleitorado cresceu 4,3% e a diferença entre Carlesse e Marcelo é de 11% entre uma eleição e outra.
Se compararmos com os 175.566 votos dados a Moisés Avelino em 1.990, a escala é maior. Enquanto o eleitorado (498 mil/90) teria crescido 108% (1.039.439/2018), Mauro Carlesse recebeu um apoio (404,4 mil votos) que equivale a 130% a mais daquele (175 mil votos) entregue ao ex-governador do MDB na primeira eleição geral do Estado (Siqueira tinha sido eleito naquela especial de 88).
Donde se conclui: não é, portanto, por inexistência de legitimidade, legalidade e representação que Mauro Carlesse deixaria de executar o que prometeu ao Estado. Da mesma forma que se pode projetar, por gravidade, a adesão do Legislativo e demais poderes/instituições na medida do que representaria a liderança do governador a partir do apoio recebido.
Agora, tudo indica, na sociedade política inverteu-se um sinal.