Tem início nesta terça a Feira de Tecnologia Agropecuária do Estado (Agrotins/2019). A expectativa de comercialização é de R$ 2 bilhões. Em números reais é uma meta de difícil consecução.

Para simples comparação, tomando como memória de cálculo a arrecadação mensal de ICMS estadual, seria como se, grosso modo, se comercializasse em quatro dias da feira o equivalente a toda a movimentação de comércio, indústria e prestação de serviços de um mês no Tocantins. Mesmo que os produtos ali comercializados envolvam recursos de grande  monta, não será fácil.

A Agrishow (na semana passada) registrou R$ 2,9 bilhões e a Bahia Farm Show, no final deste mês de maio, espera R$ 2 bilhões. São feiras de maior expressão nacional. Mas pouco importa, a ordem dos fatores não altera a soma. Meta é projeção. Sem metas arrojadas, não se avançaria.

O governador Mauro Carlesse tem dado relevância à feira. É do setor e tem demonstrado compreender a relevância da mostra. O secretário César Hallun é do ramo (ex-deputado federal e ex-presidente do Ruraltins) e tem competência suficiente para melhorar a Agrotins.

A feira ocorre antes da divulgação do Plano Safra 2019/2020 (prevista para 12 de maio). A escassez de recursos foi decisiva no desempenho da Agrishow e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que foi anunciada na Agrotins, tem dito que este ano há problemas orçamentários, ainda que tenha garantido algo próximo dos R$ 195 bilhões da safra passada. O plano safra está, como se nota, atrasado. E não as feiras adiantadas.

Mas o mais importante nas feiras não é comercialização e sim impulso. A comercialização é resultado deste último, é consequência da importância que se dá à mostra e da busca por tecnologia que eleva sua frequência, o nível dos que a buscam redundando em possibilidade de mais negócios. Mais produção com maior produtividade e mais dinheiro  na economia.

Mas não é o ponto. Mauro Carlesse e César Hallun, pela motivação, tem tudo para retornar a Agrotins ao eixo. Marcelo Miranda e o governo do MDB embarcaram no viés ideológico da disputa entre Michel Temer (após o impeachment de Dilma Roussef) e enterrou o Matopiba que começava a ser identificado com Palmas e, por consequência, alinhado à Agrotins.

Marcelo fez pior: chegou a defender no governo Temer a extinção do Matopiba. Isto depois de elogiar sua criação no governo Dilma Roussef e dela ter sido beneficiado quando o Estado foi atendido também com milhões de recursos do Ministério da Agricultura, carreados pela então ministra Kátia Abreu. Aliás, o Matopiba nem mesmo era criação do PT e sim de estudos ao longo de décadas da Embrapa.

A sede do Matopiba, pelas discussões, estava entre Porto Nacional e a Capital. O avanço tecnológico o governo do PT já havia dado com a instalação, por exemplo, da Embrapa Pesca em Palmas. Mercado com demanda garantida no país e no mundo.

Havia projetos (e empresários de outros países) interessados na produção de frutas e de soja. A Capital sedia um grande projeto de fruticultura (São João) - há ainda no Sudeste o projeto Manoel Alves e no Bico o projeto Sampaio - produz também grãos e é, por força do terminal ferroviário, polo de atração da produção da soja do Estado, Oeste da Bahia (onde ocorre a Bahia Farm Show), Leste do Pará e Mato Grosso e Sul do Maranhão e Piauí.

Não à toa, os realizadores da Bahia Farm Show (em Luis Eduardo Magalhães) estão a divulgar a feira nos veículos de comunicação do Estado. Objetivo claro: ganhar o espaço da Agrotins. Para os produtores do Oeste da Bahia, entretanto, a logística mais competitiva até os portos passa pelo Tocantins e,  lógico, pela Agrotins.

Já havia projetos de uma Central de Abastecimento (tipo a Ceagesp) na Capital, que atenderia todos os quatro Estados do Matopiba, japoneses buscavam o açaí e os chineses investir na logística (hidrovia) para baratear o transporte de comida de que precisam se abastecer no Brasil.

O abacaxi viraria suco, banana se transformaria em doce e deixaríamos de exportar empregos com os produtos primários. De Palmas aos portos do Norte, transporte mais rápido e barato que aos portos do Sul. E, lógico, mais próximo da Europa, EUA e Ásia.

São projetos que dariam maior sustentação à Agrotins e no desempenho da economia regional. Ah, LA, são sonhos!!! Sim, mas sem projetos não se realiza nada.  E é disso que ressente a economia e a população do Estado: de sonhos.

César Hallun e Carlesse tem instrumentos para mudar isto. Tem respaldo popular e de representação. Basta manterem a intenção de mudar, para melhor, a estratégia de produção e distribuição regional. E é disso que a população e a economia necessitam.

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