Há nas redes um movimento crítico à contratação de uma dupla sertaneja para show neste domingo, véspera do aniversário de Palmas. O cerne da discussão é algo intangível: o valor do contrato. Até MPE parece flertar com a ação.

O debate (arrefecido por gravidade nos últimos dias) dá, entretanto, volta em outro dado interessante: cantores regionais foram também contratados para shows neste domingo, o que realça o preço na contestação à contratação da dupla, ela própria formada por cantores da Capital, hoje bem pontuada no cenário artístico nacional. E que tem também trabalho social no Estado.

O governo, na prática, engavetou o setor de cultura. A prefeitura mantém a Fundação Cultural. Dias atrás os cantores Genésio Tocantins e Dorivã diziam-me que era uma oportunidade dos artistas do Estado que resistem e insistem em viver de sua arte saírem da "secura" da falta de apoio governamental.  A dupla contratada objeto das críticas, ela própria, era, no início, discriminada na cidade.

Mas as redes optaram pelo cachê da dupla (aliás de Palmas). No raciocínio (lógico por sinal) o valor poderia ser empregado em outra ação que trouxesse maiores benefícios à população. Ótimo. Plausível até não mais poder. Do ponto de vista contábil. Do bem estar, duvidoso. Arriscaria, nas atuais circunstâncias, até que não.

E aí a questão: se fizerem uma pesquisa nos Aurenys, Vila União, Taquaralto, Taquari e adjacências (onde moram praticamente dois terços da população de Palmas que não tem oportunidade de participar dos Villa Mix da vida), a tese dos críticos ao cachê seria solenemente rejeitada.

O que movimenta as pessoas é o seu otimismo que movimenta o consumo. Consumir, ademais, é um ato otimista. Com efeito: programações do gênero são para  o povão como se o mundo sensível provasse a existência do mundo ideal que buscam. Ainda que de difícil alcance.

Mas não é só isto: os shows atraem turistas de outros municípios, lotam os hotéis, bares e restaurantes com repercussão na economia da cidade. Turistas que vem, vêem uma cidade bonita e alegre certamente não só retornam mas a indicam a outros.

Como se nota, não existe nada caro. Existe investimento de risco. Mas este aí do cachê de Henrique e Juliano, se não bastasse a alegria do povão (que não tem preço), pode influenciar na economia com retorno maior que se a prefeitura nada gastasse no aniversário da cidade.

E olha que não é nem uma coisa nova: o primeiro prefeito eleito de Palmas, Eduardo Siqueira, conseguiu atrair novos moradores e empresários para a cidade, lá em 93, com os shows de aniversário (Banda Eva, por exemplo) e o sem número de artistas nacionais que trazia ali na Praia da Graciosa, antes do enchimento do lago. O que hoje seria visto como gasto, era investimento. A cidade tinha arrecadação proporcional aos seus moradores:diminuta. Deu certo, como é notório.

Nilmar Ruiz deu sequência criando um dos maiores carnavais de blocos de rua da região Norte que lotava os hotéis e restaurantes da cidade. Daí quando Raul Filho interceptou isso, a sensação na cidade era de uma Capital triste, que não atraia sequer os moradores. Feriados, buscavam outras cidades.

Demonstração eloquente de que a alegria dos moradores  é um ativo ou benefício a ser proporcionado pelo poder público à população.

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