Há leitores que entram aqui: ah, LA, Mauro Carlesse está com boas intenções ao reunir-se com os poderes para redução de gastos com pessoal. Óbvio que não serei eu a ser contra, por exemplo, campanhas de vacinação, igualdades raciais etc,etc,etc...
Não adianta, entretanto, provar-lhes o contrário: que o governo diz uma coisa e faz outra. Ora, se você tem gasto em excesso que precisa cortar, a lógica indica que determine o corte. E não que eleve o já excedente. Ou perdi alguma coisa?
O governo prevê no orçamento para gastar com salários em 2019 (veja quadro aí) R$ 5,804 bilhões. Em 2018, a previsão é de R$ 5,585 bilhões. Uma elevação de 31,8% em quatro anos e de 3,93% de 2018 para 2019.
Neste quadro da LOA, o governo informa que estima gastar em 2019 o equivalente a 56,57% das receitas com servidores. O máximo da lei é 49%.
A previsão é superior aos 55,34% registrados (e executados) no segundo quadrimestre de 2018. Ou seja, o governo prevê na Lei Orçamentária Anual de 2019 gastar mais e não menos. O que, pela lógica, indica mais excessos e não cortes.
Mas não é só isto. Neste anexo aí da LOA 2019, o governo reduz o valor dos investimentos, que é o que interessa a população de 1,5 milhão de pessoas, por representar obras públicas, mais empregos, com o consequente aquecimento da economia e que, por seu turno, gera mais receitas.
Ele diminui a previsão de R$ 1,631 bilhões (2018) para R$ 1,267 bilhões em 2019. Ou: R$ 364 milhões a menos.
E pior: isto tudo aí será aprovado pelos deputados não sem as amplificações de rigor fiscal e excelência administrativa e política.