O bate-boca nas redes sociais entre o vereador Milton Neres (repesentante de um poder, o Legislativo) e a prefeita da cidade (chefe de outro poder, o Executivo), Cínthia Ribeiro, deprecia mais que os valoriza dado os cargos que ocupam.

A prefeita fazendo uso do expediente do seu antecessor, reclamando de vereadores nas redes sociais por não votarem MPs de interesse do Executivo quando, na verdade, caberia ao Paço convencer os parlamentares a tal. Não basta apenas mandar os projetos.

A protelação, assim, resultaria de eventual deficiência (ou inexistência) de ação política da prefeitura no convencimento dos parlamentares. Nos parlamentos, ganha quem faz maioria. O Legislativo não é um puxadinho do Executivo. É o princípio democrático e republicano.

Milton Neres ao responder no mesmo diapasão, nivelou-se, por certo, na relação. Afinal é  representante de um poder e como tal sabe os instrumentos de que dispõe. Além de ter maior experiência política que a prefeita o que o levaria ao raciocínio de que a resposta seria passar recibo, dando à proposição da prefeita indícios de validade. E que a Câmara teria o mesmo método refratário a críticas e contrariedades.

No modo pragmático, intuo que Milton Neres cobra, na verdade, atenção da prefeita e busca cavar uma vaga de vice com uma oposição circunstancial. Cinthia tem feito um trabalho considerável na cidade. Na Câmara não tem páreo numa disputa municipal.

E, no caso dos vereadores, emprega um sem número de correligionários e trabalha na licitação de obras indicadas pelos vereadores nas suas emendas parlamentares. São praças, centros de saúde, asfalto. E até recursos para o Hospital do Amor que todos os vereadores destinaram de suas emendas.

A prefeita, entretanto, tem delegado a assessores receber os parlamentares. Deve achar que o atendimento aos vereadores com obras, emendas e empregos, é o suficiente. Um equívoco. Vereadores (e qualquer político) querem conversar é com o prefeito para depois dizer a seus correligionários. Não tem graça nenhuma (nem agrega ativo) sair por aí dizendo lá no bairro que esteve falando com o chefe de gabinete.

Daí a prefeita, ainda que atenda os vereadores nos seus legítimos interesses políticos e disponha, em tese de uma maioria folgada, não consegue, na hora H, com que a Câmara aprecie (como nas MPs) projetos do Executivo municipal. Cada vitória ali tem sido suada.

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