Tornaram-se públicas, agora, as divergências entre a Prefeitura de Porto Nacional e o governo do Estado. Nada que o leitor não tivesse tido conhecimento em primeira mão, na primeira hora do dia, antes do deslocamento do Chefe do Executivo à cidade.

Por mais que Mauro Carlesse possa ser defendido pelas razões que alega para a interdição da ponte, não poderia o Palácio Araguaia ter tomado uma decisão dessas sem consultar o Palácio Tocantins.

Assiste ao prefeito Joaquim Maia, sem sombra de dúvidas, direito ao expor os prejuízos do município com a interdição atabalhoada (como tem sido boa parte das decisões governamentais) sem qualquer planejamento de manejo, especialmente das populações ribeirinhas dos assentamentos.

Se os laudos técnicos apontarem a necessidade de interdição, que fosse paulatina ou que se definissem, antes, opções de transposição do rio, tanto de cargas quanto de pessoas. E não promessas de disponibilização (paga) de balsas ainda não contratadas ou viabilizadas.

Prazo, Carlesse teve de sobra, já que está no governo há dez meses quando negligenciou a fiscalização da ponte e o cumprimento de decisões judiciais neste sentido.

O diálogo do governador com uma secretária da Prefeitura nesta manhã expôs, com efeito, o grau de animosidade entre  Mauro Carlesse e Joaquim Maia. Um diálogo que reduziu o Governador a uma secretária municipal.

Sob as vistas do deputado Toinho Andrade, presidente do Legislativo eleito por Carlesse, que mais parecia um deputado do Executivo do PHS que um parlamentar no cargo pelos votos da cidade. E que tentava, antes do escândalo da busca no seu gabinete, construir uma candidatura do filho vereador ou da esposa a prefeito da cidade.

A impressão que se teve é a de que Carlesse levou para o problema da ponte as questões políticas paroquiais entre Toinho Andrade e Joaquim Maia, que se elegeu prefeito de Porto numa disputa com o ex-prefeito Otoniel Andrade, irmão do deputado-presidente.

Para bagunçar mais ainda, um advogado, ex-procurador da Prefeitura de Porto Nacional na gestão de Otoniel Andrade, impetrou ação popular contra o Estado de Goiás e do Tocantins.

Na tese, publicada pelo portal do jornalista Cleber Toledo, o governo de Goiás (a ponte foi construída por um governador nomeado pelos militares no governo militar do presidente Ernesto Geisel) teria construído a ponte praticando irregularidades (e que teriam levado ao atual estado de coisas) que poderiam ser enquadradas como improbidade administrativa. Ainda que o crime de improbidade prescreva em cinco anos e a ponte já tenha mais de 40. E Tocantins não é mais Goiás há 30 anos.

Uma ação que beneficia Mauro Carlesse na divisão de culpabilidades ao mesmo tempo em que desvia a atenção do problema.

Uma sugestão: o governo do Tocantins poderia acionar o governo de Goiás pela colonização da região Norte e pedir uma indenização pelos prejuízos causados com a exploração do hoje Tocantins.

Ou a população do Estado entrar com uma ação popular contra Portugal e os herdeiros de Joaquim Teotonio Segurado pelas riquezas que surrupiaram da região Norte, não diferente do que fizeram Caiados e Ludovicos.

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Ponto Cartesiano

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