O programa eleitoral do governador Sandoval Cardoso,
candidato à reeleição, deu
sequência à tese de insegurança jurídica
da candidatura do seu adversário, ex-governador Marcelo Miranda. BINGO!!!!! Se uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral,
instância máxima do direito eleitoral, refutando, expressamente e por
unanimidade dos votos dos ministros, uma inelegibilidade, é demonstração
afirmativa da inelegibilidade que afasta de forma tão contundente, a manifesta
insegurança amplificada, ainda assim, por Sandoval é de outra natureza e se mostra de vetor invertido.
Se fosse o caso, poder-se-ia impor ao grupo palaciano uma
escolha até mesmo descartiana, naquele
entendimento de que tudo que existe, existe para o pensamento, a partir da percepção de representações abstratas
ou intuitivas particulares. E aí emprestaríamos um caráter filosófico à ação desconstrutiva da
decisão judicial, não no lugar adequado (o próprio TSE e o STF), mas com o uso
do terrorismo vigarista no rádio e televisão, fundado em teses falaciosas sem qualquer
demonstração.
De outro modo, é como se a população e a justiça eleitoral
fossem o objeto numa relação em que o governador candidato à reeleição e o
seu projeto político - seriam o sujeito a que todos devessem exercer uma dependência necessária. A tese, não
demonstrada, de que, mesmo após a decisão do TSE, mantém-se uma insegurança
jurídica, expõe, certamente, o agente da insegurança, fincada, pelo texto e
contexto, na campanha governista, a quem, em tese, beneficia. Algo que a Justiça
Eleitoral teria o dever de rechaçar afinal a segurança jurídica da eleição - determinada nas suas decisões judiciais - é
uma das obrigações da Justiça Eleitoral.
Diz bem dos métodos e de suas consequências afins, a decisão por confundir a população. Sim,
porque Sandoval tem conhecimento de que a substituição do candidato a vice,
Marcelo Lélis, como decidido antes mesmo da propaganda do candidato governista
ir ao ar, elimina qualquer outro questionamento jurídico. É anti-democrático e imoral, com efeito, fazer uso de tais expedientes escusos e nebulosos para o próprio
candidato porque expõe uma práxis contrária à sua pregação teórica, na qual não
tem pejo de utilizar sua própria estrutura familiar para demonstrar correção.
Estamos a 20 dias das eleições. Parece-me que a população,
no dia 5 de outubro, terá diante de si uma escolha sobre dois métodos de governo que a campanha eleitoral
tem cuidado de expor com maestria, a partir das próprias colocações dos
candidatos. E tanto pelo bom senso como no senso comum, se um candidato mente
na campanha para pedir votos, certamente vai manter o método na prestação de contas públicas de
suas ações. É aquela relação de causa e
efeito como essência da matéria, onde o ser consiste na sua atividade.
PS: Sandoval voltou a dizer ontem que tem quatro meses de
governo!!! Encurtou os 163 dias de abril até aqui para 120 dias. Para aumentar
a média aritmética do seu desempenho não tem se importado em abreviar o tempo,
parar o contador de horas. Sintomático: é o sujeito onde o mais parece ser apenas seu objeto. E não é assim nas democracias civilizadas. O Governador, pela sua trajetória política, certamente mais perde que ganha com suas atuais escolhas. Judicializar a decisão do voto popular, criar terrorismo político com ilações falaciosas de meias verdades, em detrimento da apresentação de propostas concretas e da demonstração do que realiza de fato, é, seguramente, uma delas.