A psicologia clássica quando descrevia o corpo próprio lhe atribuía
caracteres incompatíveis com o estatuto do objeto. E por que? Enquanto podemos
(nosso corpo) nos afastar dos objetos
(uma mesa, uma cadeira...), o nosso corpo é
um objeto que não nos deixa, de nós não se afasta. E não podemos dele nos afastar.
Psíquico e fisiologicamente o prefeito Carlos Amastha é obra
acabada a materializar a teoria. Talvez despertado pelo índice de aceitação de
sua administração (tem feito um bom trabalho,
não há dúvida), dá uma entrevista nesta quarta ao Jornal do Tocantins em que afirma a psicologia clássica de que não pode afastar-se do seu elemento.
Disse o prefeito que conseguiu aumentar a arrecadação sem
aumentar impostos!!!! Dissociou de sua administração (como afastando o sujeito
do objeto) dos reajustes de até 2.400% no IPTU, aprovados pela Câmara no final
do ano passado. E que, antecipando-se a uma decisão judicial (processo
impetrado pelo MPE) não vai encerrar o contrato
(sem licitação) com aquela entidade, pela qual contrata terceirizados por R$ 51
milhões (12 meses) ao mesmo tempo em que atrasa salários na Educação.
Para não perder a história, Amastha, de quebra, parece querer encabrestar sua sucessão com
dois anos de antecedência. O mesmo
Amastha que gasta parte de sua jornada de trabalho detonando adversários nas
redes sociais (numa campanha eleitoral de baixo nível diuturna) prognosticou ao JTo que em
2016 o foco da campanha não ficará em cima de discursos políticos e
xingamentos, mas de propostas para melhorias para a população.
Ora, tudo que Amastha (ou qualquer prefeito em reeleição) quer em 2016 é não ser contraditado
ideológica e administrativamente, lógico. Por isso já antecipa as suas regras, atrelando a elas e agenda da oposição. E aí, seu objeto associa-se,
circunstancialmente, ao que sempre interessou aos moradores da cidade:
administradores e não mercadores de idéias.
De forma que, com efeito, como o corpo não nos deixa, Amastha não consegue se afastar de seu elemento.