O PSB tem reunião marcada para amanhã na Capital. Evidentemente que sempre se poderá enquadrá-la como um desses encontros para balanço de final de ano. Mas a nota emitida pelo partido ontem dispensa outra interpretação: é política e, ao invés de voltar-se para o pretérito, miraria o futuro.

O ex-prefeito Carlos Amastha é, hoje, a maior expressão do partido no Estado. Aliás, é, numericamente, maior que a própria legenda já que saiu das eleições com 219 mil votos (31,19%) – disputando contra a máquina do governo -  e com zero de prefeito filiado ao PSB na primeira eleição geral que disputou no Tocantins. Seria um ativo eleitoral dele próprio, é possível deduzir. E não do partido.

A mexida do PSB amanhã é, na verdade, um movimento de Amastha, portanto. O partido só a legitima. Inclusive dá oficialidade à aproximação pública política, partidária e institucional com a prefeita da Capital, Cíntia Ribeiro, do PSDB, que o grupo necessita, tanto para 2020 como 2022.

Amastha publicitar que é aliado de Cíntia (que o sucedeu) é diferente de um movimento partidário do PSB em sua direção. Ainda que tenham o mesmo ponto de partida e o zero marco referencial. Sendo apenas Amastha, seria algo pessoal. O partido, não: uma aliança partidária e, por consequência, de projetos comuns.

Tanto para Cíntia como para Amastha é, entretanto, relevante a observação de determinados espaços. Para o êxito de um ou de outro, não seria interessante que fossem observados como tutelados por um ou outro. Cíntia fazendo o que Amastha quer ou vice-versa. Em política o bom senso sempre deve prevalecer sobre o senso comum. Ambos não aparentam indícios de que fossem tolos ou neófitos em engenharia política.

Até porque Cíntia é a prefeita de fato e de direito e é assim que a população necessita que proceda e seja vista. Cíntia não tem a vocação, por exemplo, da ex-prefeita Marisa Sales que assumiu o cargo no lugar do ex-prefeito Eduardo Siqueira. Cíntia teve João Ribeiro (um dos políticos mais inteligentes e benquistos do Estado) como professor. E tem feito um trabalho competente na prefeitura, demonstrado eficiência e autonomia, sem medo de tomar decisões impopulares e isto reforça traço de personalidade considerado importante pelo eleitor.

O que os uniria além da óbvia lealdade entre si: o Palácio Araguaia já tem como candidato a prefeito em 2020, o vice Wanderlei Barbosa que pode, também, disputar o governo em 2022. Não haveria, certamente, até aqui, maior aliado de Cíntia que Amastha (com o prestígio político dos 219 mil votos) para enfrentar o poder político dos votos do governador reeleito, daqui a dois anos.

E do próprio presidente da Câmara de Vereadores, Marilon Barbosa, irmão do vice que, pela lei das probabilidades e possibilidades, adversário dos projetos da prefeita nos próximos dois anos no Legislativo municipal. Uma amarra que precisará ser destravada, seja pela prefeita (do ponto de vista institucional) ou por seus aliados, como Amastha, na retórica política.

E, para Amastha, seria um ativo e tanto ter, em 2022, o apoio de uma prefeita reeleita na Capital, o maior colégio eleitoral do Estado. Ou seja, para Amastha, sem mandato, é fundamental ter, do lado, uma prefeita do porte de Cíntia. E para Cíntia não seria producente tê-lo do outro lado.

De outro modo: a reunião do PSB amanhã indicaria não um racha ou uma costura de algo rasgado, mas provavelmente a oficialização de uma aliança que, implicitamente, já existiria.

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